Filosofia é o estudo sistemático e crítico de questões fundamentais que surgem na vida diária e na prática de outras disciplinas. Algumas destas questões estão relacionadas com a natureza da realidade: Existe um mundo exterior? Qual é a relação entre o físico e o mental? Deus existe? Outras questões dizem respeito à nossa natureza de seres racionais, determinados e sociais: agimos livremente? De onde vêm as nossas obrigações morais? Como construir apenas estados políticos? Outros se relacionam com a natureza e a extensão do nosso conhecimento: como é saber algo em vez de apenas acreditar? Todo o nosso conhecimento vem da experiência sensorial? Há limites para o nosso conhecimento? Outras ainda dizem respeito aos fundamentos e implicações de outras disciplinas: O que é uma explicação científica? Que tipo de conhecimento do mundo traz a ciência? As teorias científicas, como a teoria da evolução ou a mecânica quântica, obrigam-nos a mudar a nossa compreensão filosófica básica e a nossa abordagem da realidade? O que faz de um objeto uma obra de arte? Os juízos de valor estético são objecivos? E assim por diante.

O objetivo da filosofia não é dominar um conjunto de fatos, mas pensar clara e precisamente através de um conjunto de fatos. Para este fim, os alunos de filosofia são treinados em leitura crítica, análise e avaliação de argumentos, distinção de hipóteses ocultas, construção de argumentos logicamente rígidos e expressão clara e precisa, tanto na fala e escrita.

A história da filosofia desempenha um papel particular no estudo da filosofia. Como qualquer outra disciplina intelectual, a filosofia tem naturalmente uma história. No caso da filosofia, porém, a compreensão de sua história – desde seus começos antigos e medievais até o início do período moderno (séculos XVII e XVIII) e dos tempos mais recentes – é parte essencial do próprio empreendimento da filosofia, seja ela metafísica e epistemológica, ética, estética e política. Estudar as grandes obras filosóficas do passado é aprender as origens e pressuposições de muitos problemas relativos à filosofia contemporânea. Significa também descobrir e apreciar diferentes modos de lidar com estes problemas, diferentes pontos de vista sobre quais são os problemas fundamentais da filosofia, e mesmo diferentes modos de fazer a filosofia como um todo. E é também o estudo de obras – de Platão e Aristóteles, a Kant e Mill e escritores mais recentes – que moldaram grande parte da cultura ocidental muito além da filosofia universitária. Muitos dos filósofos mais criativos que trabalham hoje também escreveram sobre vários tópicos na história da filosofia e encontraram a sua inspiração nas grandes figuras do passado.

Qual a Importância de se Estudar Filosofia?

Esta questão pode ser entendida de duas maneiras: Por que se envolver em atividades intelectuais particulares que constituem a pesquisa filosófica? E como é que o estudo da filosofia pode afetar as minhas perspectivas de carreira?

Filosofia como uma atividade intelectual pode ter uma série de motivações:

Curiosidade intelectual: A filosofia é essencialmente uma investigação crítico-reflexiva motivada por um sentido de maravilha intelectual. Como está o mundo? Porque é que isto é verdade, e não o contrário? Quem sou eu? Quem sou eu? Porque estou aqui? Porque estou aqui?

Interesse na história cultural e intelectual: como disciplina, a filosofia presta grande atenção à sua história e ao contexto cultural e intelectual mais vasto em que se insere.

Aperfeiçoamento de habilidades de pensamento: o estudo da filosofia é particularmente adequado para o desenvolvimento de uma variedade de habilidades intelectuais envolvidas na análise de conceitos, a crítica de idéias, o desenvolvimento do raciocínio e argumentação; é importante salientar que a pesquisa filosófica também promove a criatividade intelectual (desenvolvimento de novos conceitos, ou novas abordagens para problemas, identificação de novos problemas, etc.).

Aperfeiçoando habilidades de escrita: A escrita filosófica é particularmente rigorosa, pois requer um alto nível de clareza, precisão e organização.

A filosofia pode influenciar as perspectivas de carreira futura de várias maneiras:

Alguns concentradores de filosofia estão continuando seus estudos universitários para obter um doutorado em filosofia. A maioria deles se tornam professores de filosofia, o que significa que sua vida profissional é dedicada à pesquisa e filosofia de ensino.

A concentração filosófica não é restritiva: as habilidades que desenvolve e refina são transferíveis para uma ampla gama de atividades profissionais. Exemplos evidentes incluem a aplicação do raciocínio e argumentação para a prática da lei; exemplos menos óbvios incluem a aplicação de habilidades analíticas e críticas para o jornalismo, banca de investimento, escrita, publicação, e assim por diante; exemplos ainda menos óbvios incluem a aplicação da formação filosófica para o empreendedorismo comercial, ativismo político e social, e até mesmo as artes criativas.

Quais são as Áreas da Filosofia?

Aqui estão descrições de algumas das principais áreas da filosofia:

Epistemologia

A epistemologia examina questões sobre o conhecimento e a crença racional. As perguntas tradicionais cobrem os seguintes tópicos: Como podemos saber que os objetos físicos comuns ao nosso redor são reais (em oposição a objetos alucinados ou sonhadores, como na Matriz)? Quais são os fatores que determinam se a fé é racional ou irracional? Qual é a diferença entre saber algo e simplesmente acreditar? (Parte da resposta é que você pode ter falsas crenças, mas você só pode saber coisas que são verdadeiras. Mas essa não é toda a resposta – afinal, você pode acreditar em algo real com base em conjecturas felizes, e isso não seria conhecimento!) Outras questões que recentemente têm sido objeto de vivo debate epistemológico incluem: Podem duas pessoas com exatamente a mesma evidência ser completamente racionais na manutenção de crenças opostas? Isso, ou eu sei alguma coisa, depende de quanto risco prático eu teria assumido se eu tivesse acreditado falsamente? Posso defender racionalmente certas crenças em assuntos nos quais eu conheço outros que são aparentemente tão inteligentes, bem informados, imparciais e esforçados?

Metafísica

Metafísica é um estudo do que o mundo é – ou (alguns diriam) o que é a realidade. As perguntas metafísicas podem assumir diferentes formas. Podem ser perguntas sobre o que existe (perguntas ontológicas); podem ser perguntas sobre o que é fundamental (em oposição aos derivados); podem ser perguntas sobre o que é uma característica objetiva do mundo (em oposição à mera consequência da forma como seres como nós interagem com o mundo). Questões que são cruciais para a pesquisa metafísica incluem questões sobre a natureza dos objetos, pessoas, tempo, espaço, causalidade, as leis da natureza e modalidade. O estudo rigoroso destas questões tem frequentemente levado os metafísicos a fazer afirmações surpreendentes. Platão acreditava que, além do mundo observável e concreto, havia um reino de entidades eternas, imutáveis, abstratas, como a bondade, a beleza e a justiça. Gottfried Wilhelm Leibniz afirmou que o mundo é feito de pequenas almas indivisas, chamadas mônadas. Já hoje se sabe que os metafísicos modernos duvidam da existência de objetos comuns, negam a possibilidade do livre arbítrio e afirmam que nosso mundo é apenas um de muitos mundos.

Lógica

A lógica é o estudo da validade dos padrões de inferência. A lógica não é um campo da psicologia: não se trata de como as pessoas realmente raciocinam ou que tipo de raciocínio elas acham intuitivamente convincente. Pelo contrário, a lógica refere-se à questão de saber quando é que um crédito é, em última análise, apoiado por outros créditos. Por exemplo, a conclusão das afirmações “está chovendo” e “se está chovendo, então as ruas estão molhadas” para a afirmação “as ruas estão molhadas” é logicamente justificada – a justificativa final apoia a conclusão. A validade deste pedido específico e de outros pedidos na mesma forma está ligada à natureza da noção de “se…”. Mais genericamente, o conceito de validade lógica está intimamente ligado à natureza de conceitos. Ao estudar o conceito de importância lógica, os logistas desenvolveram linguagens simbólicas. Permitem-nos definir com clareza e precisão as reivindicações e examinar a estrutura exata do argumento. Essas linguagens têm se mostrado úteis em filosofias e outras disciplinas, incluindo matemática e ciência da computação. Algumas das questões lógicas estudadas pelos membros do departamento de filosofia incluem: Uma vez que a lógica não é uma ciência empírica, como podemos ter conhecimento das verdades lógicas básicas? Qual é a relação entre lógica e racionalidade? A matemática pode ser reduzida à lógica? Devemos rever a lógica para a adaptar a uma linguagem pouco clara ou imprecisa? Devemos rever a lógica para responder ao paradoxo dos mentirosos e outros paradoxos da verdade?

Dicionário de Filosofia

A

Ao Fortiori. Um raciocínio fortiori é o raciocínio do universal para o especial, do todo para a peça.

Ao Posteriori. Isto é estabelecido e confirmado pela experiência.

A Priori. Isto precede logicamente e é independente da experiência.

Apriorismo. Doutrina ou princípio que dá um papel central às experiências ou ao raciocínio a priori.

Absolutismo. Um regime político em que o soberano tem poder ilimitado.

Absoluto. Aquilo que não comporta nenhuma limitação, restrição ou dependência.

Abstração. Do latim abstrato. Separe um desses caracteres do outro e considere separadamente como uma coisa.

Abstrato. Diz-se do que se considera ser separado, independentemente das suas observações concretas e coincidentes.

Absurdo. Isto é contrário às leis da lógica porque é totalmente contraditório.

Acidente. Indica o que, indiferente, pode estar presente ou desaparecer sem mudar o sujeito a que pertence.

Acrasia. Fraqueza de vontade: uma situação em que, apesar de sabermos melhor o que pode ser feito, fazemos outra coisa.

Adiáfora. De acordo com cínicos e estoicos, todas estas são coisas que não contribuem nem para a virtude nem para o mal.

Admiração. Para Aristóteles, a filosofia começa com admiração. Para Descartes, a admiração é “a primeira de todas as paixões”.

Adquirido/Inato. Ideias inatas são ideias que não vêm da experiência. As ideias adquiridas, por outro lado, são ideias que são retiradas da experiência.

Adventício. Para Descartes, ideias inesperadas são representações que surgem dos sentidos.

Aforismo. Máximo geral e conciso resumindo uma teoria metafísica, moral, jurídica, etc.

Ágape. Termo grego. Amor fraterno e infantil em oposição ao eros ou ao amor sexual.

Agatonismo. Filosofia moral de que devemos buscar o bem para nós mesmos e para os outros.

Agnosticismo. Aprenda que a profundidade das coisas é desconhecida para a mente humana. O termo se aplica particularmente às doutrinas teológicas.

Acusação. Uma declaração de condenação não comprovada. Dizer alguma coisa, por mais severa que seja a frase, não faz dela uma realidade.

Algoritmo. Um conjunto de regras ou instruções que conduzem à solução de um problema. Um algoritmo fornece um processo de tomada de decisão ou um método calculável para resolver um problema.

Alienação. Expressa a ideia de algo que é separado ou estranho a outra coisa.

Alienação mental. Perda de mente devido a desordem mental. Distúrbios psíquicos que colocam uma pessoa fora da vida social.

Ambiguidade. Não esclareça o significado de uma palavra ou expressão que possa ser interpretada de pelo menos duas maneiras diferentes.

Amicus Plato. “Sou amigo de Platão, mas já não sou amigo da verdade.” Aristóteles proferiu esta frase quando foi forçado a criticar as posições do seu mestre.

Analogia. Comparação entre coisas diferentes, tendo em conta o seu aspecto geral.

Anamnese. Para Platão, a anamnese é o esforço progressivo pelo qual a consciência individual da experiência sensível passa para o mundo das idéias.

Anarquismo. Um sistema de governo que persegue a anarquia, ou seja, o fim do Estado e da sua autoridade.

Anfibologia. Como ambiguidade. Uma frase que permite mais de uma interpretação.

Anfibolia. Frase cuja estrutura gramatical permite mais de uma interpretação. Exemplo: “Ela viu-o com os gêmeos” (eram os irmãos gêmeos ou ela usou um par de binóculos para o ver?).

Angústia. Sensação psicológica caracterizada por asfixia, aperto no peito, medo, insegurança e falta de humor.

Angústia ética. Uma qualidade necessária para a formação do caráter moral. É um sentimento de desespero, causado pela necessidade de tomar decisões éticas ou morais.

Angustia existencial. “Temos de fazer uma escolha, mas não temos a certeza dos resultados. A única certeza é a vida de culpa e medo. (Heidegger)

Antinomia. Uma contradição entre dois princípios ou leis quando se trata de aplicá-los em um caso particular.

Antropocentrismo. Um estado de espírito em que o homem se considera o centro do Universo e assume que o mundo é feito para ele.

Antropologia. A ciência do Homem ou toda a gama de disciplinas que estudam o homem.

Antropomorfismo. Atribuição a Deus das características que são típicas do Ser Humano. Conceber a ideia de que Deus, por exemplo, é um velhinho de barbas brancas.

Análise. Divisão ou decomposição de um todo ou de um objeto em suas partes. Opõe-se a síntese, que é unir em um todo diversos elementos dados separadamente.

Apartheid. Sistema de discriminação racial vigente na África do Sul entre 1948 e 1994.

Aparência. O que aparece na superfície das coisas, o que se depara à primeira vista, por oposição ao que permanece no fundo.

Apodítica (Proposiçção). Proposição necessariamente verdadeira, ou em virtude de uma evidência imediata, ou em virtude de uma demonstração dedutiva.

Apologética. Parte da teologia que tem por objeto a defesa da fé contra as objeções.

Apologia. É um discurso para justificar, defender ou louvar alguém ou alguma coisa. Obra literária que contém a defesa quer de uma pessoa quer de um sistema filosófico ou religioso.

Aporia. É uma contradição insolúvel, uma dificuldade impossível, uma perplexidade para o pensamento.

Arbítrio. Princípio da ação. É um termo mais geral do que vontade, que só pode ser atribuída ao homem.

Aretê. Perfeição ou virtude de uma pessoa.

Argumento. Raciocínio mais ou menos desenvolvido que tende a provar ou refutar uma proposição ou uma tese.

Aristocracia. Regime político no qual o poder é exercido por uma minoria que se julga a elite da sociedade. Do grego aristos (melhor) e kratos (poder), “governo dos melhores”. 

Arquétipo. Na filosofia idealista, significa modelo ideal. Do grego arché (começo) e typo (modelo).

Ascese. É o esforço para renunciar aos prazeres sensíveis tendo em vista o aperfeiçoamento moral ou espiritual. Do grego askesis, exercício.

Associação de ideias. É quando uma ideia evoca imediatamente outra.

Ataraxia. Designa o estado de tranquilidade da alma. Do grego ataraxia (ausência de perturbações).

Atenção. É a capacidade que o espírito possui de escolher, de selecionar os fatos que lhe interessam, aplicando-se aos mesmos, com maior ou menor intensidade.

Ateísmo. Por oposição a teísmo, descrença em divindades. Não confundir com agnosticismo, que é suspensão de crença.

Atitude. É o modo de ser do sujeito ao encarar a realidade.

Ato e Potência. Oposição entre o que é de fato e o que poderia vir a ser.  Ex.: a planta é o ato da semente, que permanece em potência enquanto não for plantada. 

Atomismo. Qualquer concepção de que objetos de alguma espécie são indivisíveis.

Atributo. Em lógica, é o predicado que numa proposição se atribui ao sujeito.

Atual. Aquilo que está em ato, real, como oposto tanto a potencial quanto a virtual.

Atualidade. Realidade, existência concreta.

Atualização. Transformação da possibilidade em atualidade.

AufklärungIluminismo, Esclarecimento, ou Ilustração. Projeto filosófico de Kant, que define as Luzes ou Iluminismo dizendo que elas são aquilo que permite ao homem sair de sua minoridade, ensinando-lhe a pensar por si mesmo e a não depender de decisões do outro. “Sapere aude! tenha a coragem de usar a sua própria inteligência. Eis a divisa das Luzes.”

Ausência. No momento em que se considera, caráter daquilo que devia estar num lugar e lá não está.

Autarquia. Autogoverno. Na filosofia grega e pré-socrática, é entendida como um ideal a atingir.

Autenticidade. Contrário de “vida inautêntica”, que é banal e superficial, a autenticidade ou “vida autêntica” manifesta-se na existência em conformidade com aquilo que valoriza o acesso à transcendência.

Autoconsciência. É a consciência que tem de si um Princípio infinito, condição de toda realidade.

Autodeterminação. Coisa ou processo que se determina a si mesmo e não por alguma outra coisa.

Autodidata. É o que se instrui e educa a si mesmo, por si mesmo. Do gr. autos, por si mesmo e didaktikós,  de didaskô, ensinar.

Automatismo. São os mecanismos psicológicos ou somáticos capazes de deflagrar uma ação independentemente de um impulso consciente e volitivo. Do grego automatos, aquele ou aquilo que tem o poder de agir ou mover-se por si mesmo.

Autômato. Qualquer máquina que funcione por meio de um programa pode ser considerada um autômato. Fica em aberto a questão de saber se isso nos inclui.

Autonomia. Capacidade que uma sociedade tem de governar-se por si mesma. Para Kant, autonomia é o caráter da vontade que age em função de sua própria lei, ou seja, a do dever ditado pela razão prática e não por um interesse externo.

Axioma.  Diz-se das verdades gerais, aceitas sem discussão ou consideradas evidentes por si próprias, como na Filosofia e na Matemática.

B

Beatitude. Felicidade plena, completa, perfeita.

Behaviorismo. Método de observação em psicologia que tem por objetivo o estudo das relações entre os estímulos e as respostas do sujeito.

Belo. No sentido objetivo, trata-se do esplendor do ser. No sentido subjetivo, pode ser aquilo cuja contemplação causa prazer.

Bem. Tudo que possui um valor moral positivo, constituindo o objeto ou o fim da ação humana.

Bem Comum. É o bem que as pessoas promovem e de que participam precisamente enquanto associadas.

Bilocação e Multilocação. Presença simultânea da mesma pessoa em dois lugares diversos do espaço. Multilocação quando o fenômeno se realiza em mais de dois lugares.

Bioética. Ramo da ética que investiga os problemas morais quem derivam especificamente da prática médica e biológica.

Biologismo. Programa que tem por objetivo a redução de todas as ciências sociais à biologia, em particular à genética e à biologia evolutiva.

Bom Senso. Qualidade do nosso ser que nos permite distinguir o verdadeiro do falso, o certo do errado.

Budismo. Doutrina ou caminho de libertação que tem por base os ensinamentos de Sidharta Gautama (566 – 486 a.C.), conhecido como o Buda (Iluminado).

C

Cabala. Interpretação hebraica mística e misteriosa da Bíblia. Por extensão, nome de quaisquer maquinações secretas entre pessoas que têm o mesmo objetivo.

Caos. Origem desordenada e sem forma das coisas. Opõe-se ao Cosmo, o universo ordenado. Do grego káos, do verbo khainen, abrir-se, entreabrir-se.

Caráter. Conjunto das disposições permanentes ou habituais de um indivíduo. Em outras palavras, a sua maneira de sentir e de se ressentir, de agir e de reagir.

Carpe Diem. Fórmula de Horácio, em latim, que pode ser traduzida por “colha o dia”, “aproveite o dia”.

Casuística. Análise e classificação dos “casos de consciência”, em virtude da aplicação das normas morais ou religiosas à vida humana.

Causalidade. Princípio que afirma que “todo fenômeno possui uma causa”.

Caverna, Alegoria da. É um exemplo, descrito por Platão no livro A República, de como podemos nos libertar da escuridão que nos aprisiona pela luz da verdade.

Certeza. Trata-se do estado da mente ou o processo mental que não envolve vacilação.

Ceticismo. Concepção filosófica segundo a qual o conhecimento certo e definitivo sobre algo pode ser buscado, mas não atingido.

Cibernética. Ciência do controle e da comunicação do modo como se relaciona com os mecanismos, indivíduos e sociedades. Do grego kybernetes, “timoneiro”. 

Ciência. Objetivamente, é um conjunto de verdades certas, logicamente encadeadas entre si, de modo a fornecer um sistema coerente. Subjetivamente, é um conhecimento certo das coisas por suas causas ou por seus princípios.

Cientismo. Concepção de que a pesquisa científica é o melhor caminho para assegurar conhecimento fatual acurado.

Cinismo.  A tese central é: o único fim do homem é a felicidade e a felicidade consiste na virtude. Fora da virtude não existem bens; por isso, o desprezo pela comodidade, pelas riquezas e pelos prazeres.

Círculo de Viena. Associação de lógicos e filósofos da ciência, tendo por objetivo alcançar a unificação do saber científico pela eliminação dos conceitos vazios de sentido e dos pseudoproblemas da metafísica. 

Ciúme. Sentimento de despeito causado pelo temor de que o ser amado dedique o seu afeto a outrem.

Coação. Trata-se do uso da força a fim de impor o respeito pela ordem jurídica. 

Coerência. Qualidade de um raciocínio ou de um texto no qual não se pode descobrir contradição.

Cogito ergo sum.  É o primeiro princípio da filosofia cartesiana. Significa “penso, logo existo”.

Coisa. Um ato humano qualquer ou qualquer objeto com que, de qualquer modo, se deva tratar.

Compreensão. Em lógica, a compreensão de um conceito é o conjunto dos caracteres que permitem sua definição. A compreensão de um conceito varia na razão inversa de sua extensão.  

Conceito. Representação intelectual de um objeto. O mesmo que ideia ou noção.

Concepção.  Operação intelectual pela qual o sujeito, a partir de uma experiência física, moral, psicológica ou social, forma um conceito.  

Concreto. Aquilo que é efetivamente real ou determinado.

Conformismo. Adesão, sem verdadeiro exame, a valores ou princípios admitidos pela maioria. 

Conhecimento. Apropriação intelectual de determinado campo empírico ou ideal de dados, tendo em vista dominá-los e utilizá-los. 

Conotação. Significado segundo, figurado, às vezes subjetivo, dependente de experiência pessoal de um signo. 

Consciência. Em moral, é a faculdade que o homem tem de julgar o valor moral dos seus atos.

Consenso. Acordo estabelecido, entre indivíduos ou grupos, sobre seus sentimentos, opiniões, vontades etc., como condição para que haja uma concórdia social.

Contemplação. Estado de espírito de alguém totalmente absorvido na busca de conhecimento. Ex.: a contemplação da verdade. 

Contradição.Ato de afirmar e de negar, ao mesmo tempo, uma mesma coisa.  

Contrato Social. Define a sociedade como o produto de uma convenção entre os homens (séc. XVIII).

Contrato Social, O. Obra de Rousseau (1762) que estabelece a legitimidade do poder político fundamentado no pacto de associação e não na força ou vontade divina.  

Contratualismo. Doutrina em que a moralidade é parte de um contrato social. 

Controvérsia Filosófica. Trata-se de argumento acerca da adequação de diferentes abordagens, princípios ou métodos. Exemplos: idealismo contra o materialismo, o racionalismo contra o empirismo.

Convenção. Acordo explícito ou tácito para assumir, usar ou fazer algo.

Corrupção. Ato ou efeito de corromper. Na política, é a falta de honestidade que acompanha o desempenho de determinadas funções administrativas.

Cosmo. Designa o mundo enquanto ele é ordenado e se opõe ao caos: mundo considerado como um todo organizado, como uma ordem hierarquizada e harmoniosa.

Cosmogonia. Teoria sobre a origem do universo geralmente fundada em lendas ou em mitos e ligada a uma metafísica.

Cosmologia. Parte da filosofia que tem por objeto o estudo do mundo exterior, isto é, da essência da matéria e da vida.

Cosmovisão. Visão geral do mundo. Panorama geral de todo o conhecimento, formando uma totalidade de visão, uma coordenação de opiniões entrelaçadas entre si.

Crise. Momento de desequilíbrio sensível. 

Critério da Verdade. Um sinal extrínseco ou um caráter intrínseco que permite reconhecer a verdade e distingui-la com segurança do erro.

Crítica. Atitude que consiste em separar o que é verdadeiro do que é falso, o que é legítimo do que é ilegítimo, o que é certo do que é verossímil.

Cultura. Conjunto das tradições, técnicas e instituições que caracterizam um grupo humano.

Curiosidade. Desejo contínuo e sempre renovado de ver.

D

Daimon. Espécie de anjo da guarda, que está ligado a uma pessoa ao nascer e determina, para o bem ou para o mal, o seu destino.

Darwinismo. Doutrina do naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) segundo a qual a luta pela vida e a seleção natural são consideradas como os mecanismos essenciais da evolução dos seres vivos.

Dasein. Existência humana. Do alemão, existência, ser-aí.

Dataísmo. Doutrina em que todo conhecimento genuíno é ou um dado (datum) empírico ou uma generalização indutiva a partir de dados (data).

Dedução. Raciocínio que nos permite tirar de uma ou várias proposições uma conclusão que delas decorre logicamente.

Definição. Definir, segundo a lógica formal, é dizer o que a coisa é, com base no gênero próximo e na diferença específica.

Demiurgo. Nome que Platão e seus discípulos davam ao criador e ordenador do mundo, diferente de Deus, pura Inteligência.

Democracia. Organização social em que o controle político é exercido pelo povo, o qual delega poderes e representantes periodicamente eleitos. Do grego demos, “povo” e kratia,  “poder”.

Denotação. Significado primeiro e imediato de um signo.

Deontologia. Estudo sobre a natureza do dever e da obrigação. Parte da filosofia que trata dos deveres: é a ciência da moral.

Desconstrucionismo. Análise das relações entre o significado e os pressupostos que estão por trás das formas de expressão.

Desejo. É o movimento de todo o nosso ser ante alguma coisa que se nos afigura como um valor, isto é, como um bem para nós. 

Desencantamento. Erradicação de valores, emoções e tradições em nome do estrito cálculo racional de meios e fins. 

Despotismo. Regime político no qual a soberania é mantida por um único homem que monopoliza o poder e governa como mestre absoluto.

Desvelamento. Descobrimento daquilo que estava oculto, retirada do véu.

Desvendamento. Na filosofia de Heidegger, o desvendamento do ser é a manifestação da verdade do ente que consegue se desprender das preocupações do cotidiano.

Determinismo. Todo evento é o resultado necessário das causas que precedem – e elas próprias foram o resultado necessário das causas que as precederam.

Deus ex Machina. Artifício teatral em que se introduz uma força sobrenatural para resolver uma situação dramática. Por extensão, todas as soluções artificiais introduzidas para resolver os problemas.

Dever. Necessidade de realizar uma ação por respeito à lei civil ou moral.

Devir. Transformação incessante e permanente pela qual as coisas se constroem e se dissolvem noutras coisas através do tempo.

Deísmo. Crença na existência de um ser supremo ou criador que não intervém no universo.

Diálogo. Gênero de conversa em que dois ou muitos falam entre si para buscar uma mesma verdade.

Diacronia. Conjunto dos acontecimentos culturais, sociais etc. que ocorrem ao longo do tempo.

Dialética. Arte de discutir; tensão entre os opostos.

Dianoia. É o pensamento discursivo, enquanto elaboração, explicitação ou desenvolvimento da noese ou nous (razão).

Dicionário. É um conjunto de definições, colocadas em ordem alfabética ou não.

Diferença. Relação de alteridade existente entre duas coisas que possuem elementos idênticos.

Dignidade. Concepção segundo a qual a pessoa humana autônoma representa um fim em si, por oposição às coisas.

Direito. Faculdade legal, convencional, geralmente aceita, de fazer alguma coisa, de a pretender, de a exigir.

Docta Ignorantia. Consiste em “saber que não se sabe”. 

Dogma. Doutrina ou opinião transmitida de modo impositivo e sem contestação. 

Dogmatismo. Doutrina dos que pretendem basear seus postulados apenas na autoridade, sem admitir crítica nem discussão.

Doutrina. Conjunto de princípios, de ideias, que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico ou científico. 

Doutrinário. Diz respeito a quem obedece rigidamente aos princípios da própria doutrina, dando mais valor ao aspecto teórico do que ao prático.

Doxa. Opinião, juízo, ponto de vista, crença filosófica e também a fama, a glória humana.

Doxometria. Método de determinação das opiniões públicas por meio de sondagens estatísticas em que o “Instituto Gallup” se especializou.

Dualismo. Divisão em duas categorias ou elementos.

Duração. Durar é continuar a ser. “A duração é uma continuação indefinida da existência”. (Spinoza)

Dúvida. Estado da mente em que não há assentimento firme sobre um juízo, por que se teme ser falso.

Dúvida Hiperbólica. Método de conhecimento que tem por objetivo descobrir a verdade (Descartes).

E

Educação. Consiste em transmitir normas de comportamento técnico-científica (instrução) e moral (formação do caráter) que podem ser compartilhadas por todos os membros da sociedade.

Efeito Dominó. Quando se permite que algo aconteça e isso desencadeia inevitavelmente uma série de eventos indesejáveis subsequentes.

Eidética. Caracteriza aquilo que se refere às essências, por oposição ao suporte fatual que depende de outras ciências.

Eikasia. Trata-se do estado mais baixo de conhecimento, segundo o mito da linha de Platão. Do grego, faculdade de conhecer por imagens.

Elã Vital. Expressão utilizada por Bérgson para designar um impulso original de criação de onde provém todo o processo evolutivo da vida nos vários reinos da natureza.

Emoção. Qualquer sentimento ou condição que provoque, no animal ou no homem, a percepção do valor que determinada situação tem para sua vida.

Emotivismo. Juízos de valor, especialmente juízos éticos, expressam emoções em vez de representar fatos.

Empirismo. Caráter comum dos sistemas filosóficos que consideram a experiência como único critério de verdade.

Enigma. Um problema que não é possível resolver. Na literatura filosófica dos últimos decênios do século XIX, deu-se o nome de enigmas do mundo aos problemas que, não tendo sido resolvidos pela ciência, eram considerados insolúveis.

Enteléquia. Aquilo que é tido como perfeito. Em Aristóteles, a enteléquia opõe-se à potência, como o que é realizado se opõe ao que é virtual, sendo sinônimo de ato: movimento do ser em ato que tende à sua perfeição.

Entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem. As entidades não devem ser multiplicadas de modo desnecessário. Máxima de Ockam.  Refrear a tendência de introduzir funções não necessárias.

Entidade. Coisa real ou concreta, efetiva ou possível.

Entitema. Argumento com uma ou mais premissas tácitas. Exemplo: “Penso, logo sou” esconde a premissa “Todos os seres pensantes existem”.

Entropia. Degradação da energia mecânica. Não é um termo relevante para a filosofia.

Epicurismo. Doutrina de Epicuro: a satisfação de nossos desejos e impulsos de forma moderada leva-nos à tranquilidade.

Epifenômeno. Concepção que faz da consciência um fenômeno acessório e secundário, um simples reflexo, sem influência sobre os fatos de pensamento e conduta.

Epistemologia.  Estudo do conhecimento, particularmente de seus métodos, validade e escopo – “Como é que sabemos o que sabemos?”

Epoché. Suspensão do juízo que resulta da impossibilidade de se decidir sobre a validade de doutrinas opostas acerca de algo. 

Erística. Arte da disputa, derivada da prática dos sofistas que a desenvolveram e sistematizaram.

Erro. Trata-se do conhecimento que não reflete fielmente a realidade e por isso mesmo não corresponde à realidade.

Escatologia. Doutrina que diz respeito aos fins últimos da humanidade, da natureza ou do indivíduo depois da morte.

Escolástica. Escola filosófica da Idade Média, cujo principal representante é Santo Tomás de Aquino. No sentido pejorativo, que decorre da escolástica decadente, o termo escolástico se refere a todo pensamento formal, verbal, estagnado nos quadros tradicionais.

Escravo. Nas sociedades greco-romanas, o escravo é moeda de troca: quando sua vida é salva, após um combate, sua força de trabalho é posta a serviço de um comprador.

Esotérico. Todo o ensinamento ministrado a círculo restrito e fechado de ouvintes. Saber secreto. Em oposição, exotérico é o saber público, aberto a todos.

Espaço e tempo. Espaço é meio de coexistência, enquanto tempo é o meio da sucessão.

Especulação. Criação do saber apenas pelo exercício do pensamento, geralmente sem qualquer outro objetivo que o próprio conhecimento.

Essência. Aquilo que a coisa é ou que faz dela aquilo que ela é.

Essencialismo. Doutrina filosófica que confere o primado à essência sobre a existência. Trata-se de uma filosofia do ser ideal, que prescinde dos seres reais. A filosofia de Hegel pode ser considerada essencialista.

Estado. Conjunto organizado das instituições políticas, jurídicas, policiais, administrativas, econômicas etc., sob um governo autônomo e ocupando um território próprio e independente.

Estado de Direito. Concepção do Estado segundo a qual o poder político não é onipotente, pois deve estar submetido aos ditames da lei.

Estoicismo. Apregoava a vida contemplativa acima das ocupações, das preocupações e das emoções da vida comum.

Estruturalismo. É a aplicação de princípios gerais da linguística, tal como Ferdinand de Saussure (1857-1913) os tinha formulado. Ele distinguia entre língua e fala. A fala se refere ao uso concreto que cada falante faz da língua. A língua é o sistema de signos impessoal, anterior à fala e do qual ela constitui uma determinada realização. 

Eternidade. Caráter do ser subtraído à mudança e ao tempo. Posse indivisível, perfeita e simultânea de uma vida sem fim.

Eterno Retorno. Teoria pitagórica e estoica segundo a qual as coisas voltam exatamente semelhantes ao que foram após um período de vários milhares de anos.

Ética. Parte da Filosofia que se ocupa com o valor do comportamento humano. Investiga o sentido que o homem imprime à sua conduta para ser verdadeiramente feliz.

Ética e Moral. Trata-se de dois sinônimos, derivados um do grego e o outro do latim, evocando a arte de escolher um comportamento, distinguir o bem do mal.

Eudemonismo. Qualquer doutrina que assuma a felicidade como  princípio e fundamento da vida moral.

Evangelho. O que traz uma boa nova. Com maiúscula e eventualmente no plural, é o nome dado aos quatro livros que narram a vida e o ensinamento de Jesus Cristo.

Evangelho Eterno. Orígenes empregou essa expressão para designar a revelação das verdades superiores que Deus faz aos sábios em todas as épocas do mundo, capaz de integrar e corrigir a revelação contida no Evangelho Histórico.

Evidente. Aquilo que se impõe a nós de modo direto e imediato.

Evolucionismo. Doutrina filosófica segundo a qual a evolução constitui uma lei geral dos seres (matéria, vida, espírito e sociedades), capaz de reger, por conseguinte, tanto as ciências quanto a própria moral.

Evolução. Designa a ação e o efeito de desenrolar-se, desdobrar-se, desenvolver-se algo.

Existência. O fato de a coisa estar aí, sem necessidade, de modo contingente (existencialismo).

Existencialismo. Conjunto de doutrinas que se opõem ao racionalismo e ao idealismo e que admitem que o objeto próprio da filosofia é a realidade existencial, isto é, existência concreta e vivida, e que o único meio que possuímos para entrar em contato com ela consiste no sentimento ou emoção.

Experiência. Em seu sentido técnico, experiência é a ação de observar ou de experimentar com a finalidade de formar ou de controlar uma hipótese.

Experiência Religiosa. Qualquer experiência que tenha como conteúdo a presença de algo divino ou transcendente.

Expiação. Na teologia cristã, a morte sacrifical de Cristo, como um tipo de punição pelos pecados da humanidade.

Explicar. Vem de ex-plicare, verbo latino que significa desembrulhar. Significa desdobrar, abrir as dobras. Explicar uma coisa significa reproduzir discursivamente, na mente e no discurso, o desdobramento de uma determinada coisa.

F

Fabulação. Atividade da imaginação que consiste em fabricar relatos fictícios.

Facticidade. Caráter do que existe como puro fato.

Faculdade. Capacidade intelectual que as pessoas têm para poder realizar determinadas coisas.

Falácia. Qualquer erro de raciocínio.

Falácia das Várias Perguntas. Consiste em inferir que uma pessoa é culpada se não se conseguir dar uma resposta claramente afirmativa ou negativa. A pergunta, porém, não comporta nem afirmação nem negação. 

Falsa Consciência. A incapacidade de ver as coisas como elas realmente são.

Falso. Diz-se daquilo  que não corresponde à realidade, ou seja, que não pode ser confirmado pela experiência.

Fascismo. Amálgama de muitas aspirações, entre as quais a oposição aos ideais do liberalismo e, em particular, à liberdade de expressão.

Fato. Ocorrência possível ou efetiva no mundo real.

Fato/Valor. Fato é a ocorrência de um evento; valor é a avaliação que fazemos dele. Fatos e valores são distintos mas não estão separados.

Fato social. São todas as formas de associações e as maneiras de agir, sentir e pensar, padronizadas e socialmente sancionadas.

Fatual. Refere-se ao fato que pode ser ou não da experiência, como em “verdade fatual”.

. Crença que é dificilmente impregnada pela experiência, pois é cega.

Felicidade. É um estado de satisfação devido à própria situação do mundo.

Fenômeno. Aquilo que se oferece à observação intelectual, isto é, à observação pura.

Fenomenalismo. Doutrina segundo a qual o conhecimento humano restringe-se às aparências (fenômenos) apresentados aos sentidos.

Fenomenismo. Concepção filosófica em que a realidade é composta exclusivamente de fenômenos e das percepções e ideias que formamos destes. 

Fenomenologia. No sentido geral, é o estudo descritivo de um conjunto de fenômenos tais como se manifestam no tempo ou no espaço, em oposição às leis abstratas e fixas desses.

Fideísmo. Doutrina segundo a qual as verdades fundamentais da ordem especulativa ou da ordem prática não devem ser justificadas pela razão, mas simplesmente aceitas como objeto de pura crença.

Fidelidade. É a coerência de atitude em face de um compromisso, um dever ou afeição.

Filantropia. Amor ou simpatia pelos homens.

Filosofia. Sistema de conhecimentos naturais, metodicamente adquiridos e ordenados que tende a explicar todas as coisas por seus primeiros princípios e suas razões fundamentais.

Filósofo. Aquele que pratica a filosofia, aquele que faz uma reflexão crítica sobre todos os problemas concebíveis.

Fim . Via de regra, na terminologia filosófica, este vocábulo não designa o mero termo, ou seja, o último de uma série, mas sim “aquilo pelo qual (id, propter quod) alguma coisa existe ou se faz (fit).

Finalidade. Caráter daquilo que tende para um objetivo através da organização dos meios.

Finalismo. Doutrina que transpõe o princípio de finalidade para a ordem da metafísica.

Finito e Infinito. Por oposição ao infinito, o finito designa o que tem um limite e pode portanto ser medido.

Fins e Meios. Uma ação deliberada é a que procura atingir fins definidos (metas) por meios definidos.

Fisiologia. Parte da biologia cujo objeto é o estudo das funções dos organismos vivos, vegetais e animais. 

Fixismo. Doutrina segundo a qual as espécies não se transformam no curso das idades, pois foram criadas por Deus.

Flecha do Tempo. A ideia errônea de que o tempo “flui” do passado para o futuro.

Formalismo. Preocupação exagerada com os detalhes de pura forma.

Frankfurt, Escola. Designa o grupo de filósofos e pesquisadores alemães que, nos anos 30, emigraram da Alemanha com o advento do nazismo.

Frenologia. Teoria segundo a qual as funções do cérebro e sua localização poderiam ser estudadas pelo exame das saliências ou protuberâncias do crânio.

Funcionalismo. As coisas se resumem às funções que elas cumprem em um sistema global.

Fundamentalismo. É a concepção de que todo conhecimento fatual está ancorado em uma base muito firme ou fundamento

Fundamento. Princípio em que repousa de fato uma ordem de fenômenos.

Futuro. O que será, com a parcela de imprevisibilidade que se vincula a tudo o que ainda não está realizado.

G

Gnose. Conhecimento esotérico e perfeito das coisas divinas pela qual se pretende explicar o sentido profundo de todas as religiões.

Gnoseologia. Teoria do conhecimento que tem por objetivo buscar a origem, a natureza, o valor e os limites da faculdade de conhecer.

H

Hermenêutica. Parte da crítica histórica que consiste em decifrar, traduzir e interpretar os textos antigos.

Heterodoxia. Crença contrária aos princípios aceitos na época.

Heurístico. Aquilo que se refere à descoberta e serve de ideia diretriz numa pesquisa. Um método é heurístico quando leva o aluno a descobrir aquilo que se pretende que ele aprenda.

I

Ideal. O que se concebe como um tipo perfeito.

Idealismo. Caráter geral dos sistemas filosóficos que negam a objetividade do conhecimento e reduzem o ser ao pensamento.

Ideia. Representação intelectual de um objeto.

Imagem. Representação sensível de um objeto.

Imaginação. Faculdade de representar ou de combinar imagens.

Imanente. O que está contido na natureza de um ser.

Inato. Tudo aquilo que existe num ser desde seu surgimento e que pertence à sua natureza. opõe-se a adquirido, aprendido.

Indeterminismo. Doutrina segundo a qual o homem é dotado de livre-arbítrio.

Indução. Raciocínio ou forma de conhecimento pelo qual passamos do particular ao universal, do especial ao geral, do conhecimento dos fatos ao conhecimento das leis.

Instinto. Atividade automática, existente sobretudo no animal, caracterizada por um conjunto de reações bem determinadas hereditárias, específicas, idênticas na espécie. Não confundir com intuição.

Introduzir. É, em primeiro lugar, inquietar, por em questão, no duplo sentido desta expressão: formular a questão e perguntar pelo seu sentido, isto é, descobrir a sua origem.

Intuição. Forma de conhecimento que permite à mente captar algo de modo direto e imediato.

Inútil. Significa o que não tem um fim noutro, ou seja, não tem fim algum, ou tem um fim em si mesmo.

J

Juízo. Faculdade ou ato de julgar, de afirmar relações de conveniência ou desconveniências entre duas ideias.

Justiça. No sentido restrito, é a constante e perpétua vontade de conceder o direito a si próprio e aos outros, segundo a igualdade; no sentidomoral, significa o respeito que há em cada um de dar a cada um o que é seu.

L

Lei. Relação necessária entre dois acontecimentos. Lei científica: aquela que estabelece entre os fatos relações mensuráveis, universais e necessárias, autorizando a previsão.

Lei Moral. Compreende o conjunto de normas éticas resultantes da situação do homem na realidade e que, anteriormente a toda estipulação ou convenção, obrigam fundamentalmente a todos os homens.

Lei Natural. Em sentido filosófico, é uma ordenação para determinada atividade insita nas coisas naturais.

Liberalismo. Doutrina que preconiza a liberdade política ou a liberdade de consciência.

Liberdade. Capacidade de poder agir por si mesmo, com autodeterminação, independentemente de toda a coerção exterior.

Livre-Arbítrio. Quer dizer juízo livre. É a capacidade de escolha pela vontade humana entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, conscientemente conhecidos.

Lógica. Ciência das leis ideais do pensamento e a arte de aplicá-los corretamente na pesquisa e na demonstração da verdade.

Logos. Reunião de coisas sob determinado critério.

M

Maiêutica. Método socrático de interrogação, como a parteira dá à luz os corpos, procura “dar à luz” os espíritos para levar seus interlocutores a descobrirem a verdade que eles trazem em si sem o saber. Por extensão, método pedagógico que permite ao mestre apenas dirigir a pesquisa do aluno, este devendo encontrar a verdade por sua própria reflexão.

Marxismo. Teoria econômica, social, política e filosófica elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels, utilizada ao mesmo tempo como método de análise dos fenômenos sociais e como princípios de uma prática revolucionária.

Materialismo. Doutrina segundo a qual toda a realidade, inclusive a espiritual, se reduz à matéria e suas modificações.

Materialismo Dialético. É a união do materialismo clássico com a dialética de Hegel, e representa o núcleo filosófico do marxismo.

Metafísica. Parte da filosofia que procura os princípios e as causas primeiras e que estuda o ser enquanto ser.

Método. Derivado do grego methodos, formado por meta, “para”, e hodos, “caminho”. Poder-se-ia, então, traduzir a palavra por “caminho para” ou, então, “prosseguimento”, “pesquisa”.

Misticismo. Crença numa ordem de realidades sobrenaturais e na possibilidade de uma união íntima e direta com Deus.

Mito. Relato fabuloso contando uma história que serve ao mesmo tempo de origem e justificação de um grupo social.

Monismo. Teoria segundo a qual a realidade é formada de uma única substância, pois só existe um princípio fundamental, seja a matéria, seja o espírito.

Monoideísmo. Estado patológico, caracterizado pela tendência de uma pessoa retornar sempre em seu pensamento e em sua palavra a um só tema, uma idéia fixa, que é propriamente a monomania.

Moral. Conjunto de costumes e juízos morais de um indivíduo ou de uma sociedade; teoria que visa orientar a ação humana submetida ao dever e com vistas ao bem; conjunto de normas livre e conscientemente aceitas que visam organizar as relações dos indivíduos na sociedade.

Moralismo. Apego excessivo à letra das regras morais em detrimento de seu espírito. Atitude prática que consente em cultivar apenas a perfeição moral sem se preocupar com o bem a ser realizado.

Mundividência. É a compreensão global da essência, origem, valor, sentido e finalidade do mundo e da vida humana. O mesmo que cosmovisão (concepção de universo).

N

Necessidade. Necessário é o que não se pode ser de outra maneira ou aquilo cuja contraditória é impossível.

Niilismo. É a doutrina que admite que o nada, além de ser, ou de haver, é capaz de ser pensado.

Númeno. De acordo com Kant, guarda relação com o verbo pensar, mas de fato, aparece mais equivalente a pensado, como oposto a percebido pelos sentidos.

O

Objetivo. O que existe fora do espírito e independente do conhecimento do sujeito. O contrário de subjetivo.

Objeto. Aquilo sobre que incide o conhecimento ou recai a ação. Oposto ao sujeito que é o que exerce a ação ou o conhecimento.

Ontologia. Parte da Filosofia que se ocupa do ser enquanto ser, ou seja, do ser concebido na sua totalidade e na sua universalidade.

Opinião. Juízo que adotamos sem termos a certeza de sua verdade.

Ortodoxia. Posição a favor das crenças vigentes.

P

Paideia.Educação do homem para a filosofia e consequentemente para a política.

Palingenesia. Do grego palin, outra vez, e genesis, nascimento. Literalmente, é o novo nascimento ou regeneração; na Teologia religiosa, é o renascimento das ideias de uma doutrina esquecida, ou a nova vida dos indivíduos.

Panteísmo. Do grego pan, tudo, e Theos, Deus = tudo é Deus. Doutrina que afirma que o cosmo nada mais é que a manifestação do próprio Deus.

Paradoxo. Do grego para e doxa, opinião. Estado de coisas (ou declaração que se faça sobre elas), que aparentemente implica alguma contradição, pois uma análise mais profunda faz desvanecê-la.

Pensar. Na significação etimológica do termo, quer dizer sopesar, por na balança para avaliar o peso de alguma coisa, ponderar.

Percepção. É a apreensão sensorial global de um complexo de dados sensíveis.

Personalidade. Caráter do ser que tem consciência de ser portador de si mesmo, que tem consciência de sua individualidade e de seu papel.

Política. Do grego politikós, polis, que significa tudo o que diz respeito à cidade.

Potência. Pode ser conceituada de duas maneiras: 1) potência é o poder que uma coisa tem de provocar uma mudança noutra coisa; 2) potência é a potencialidade existente numa coisa de passar a outro estado.

Pragmatismo. Sistema filosófico de William James, que subordina a verdade à utilidade e reconhece a primazia da ação sobre o pensamento.

Práxis. Os gregos chamavam práxis à ação de levar a cabo alguma coisa; também serve para designar a ação moral; significa ainda o conjunto de ações que o homem pode realizar e, neste sentido, a práxis se contrapõe à teoria. No marxismo significa união dialética da teoria e da prática.

Preconceito. Definido aqui como um julgamento prévio rígido e negativo sobre um indivíduo ou grupo, o conceito deriva do latim prejudicium, que designa um julgamento ou decisão anterior, um precedente ou um prejuízo. As anotações básicas incluem inclinação, parcialidade, predisposição, prevenção.

Princípio. É aquilo, donde, de algum modo, uma coisa procede quanto ao ser, ao acontecer ou ao conhecer.

Problema. Vem do grego pro, na frente, e ballein, jogar (jogar na frente). Nem toda a questão se denomina problema, mas tão-só aquele que, por causa da dificuldade que lhe é intrínseca, não logra ser resolvida sem especial esforço.

Problema X problemática. Problemática é o quadro no qual se situa o problema e não o próprio problema.

R

Raciocínio. É aquela atividade mental, mercê da qual, da afirmação de uma ou mais proposições passamos a afirmar uma outra, em virtude da intelecção de sua conexão necessária.

Racional. Do latim ratio, razão. Designa em geral o modo especificamente humano do conhecimento conceptual-discursivo. 

Racionalismo. Doutrina filosófica moderna (séc. XVII) que admite a razão como única fonte de conhecimento válido.

Realidade. Na hodierna terminologia filosófica, o termo “real” designa, via de regra, o ente, o que existe em oposição tanto ao que é apenas aparente quanto ao que é puramente possível.

Reflexão. Em sentido lato e pouco rigoroso, reflexão significa meditação comparativa  e examinadora contraposta à percepção simples ou aos juízos primeiros e espontâneos sobre um objeto. No sentido ontológico, mais preciso e profundo, significa, ao mesmo tempo, uma volta do espírito à sua essência mais íntima. Esta volta (reflexio = re-flexão) é o sentido próprio do vocábulo.

S

Salvação. É um transcender, um não limitar-se a “este mundo”, um ir além dele, fora dele, ou nele, por sua superação.

Sensação. Significa, na linguagem corrente, qualquer vivência imediata.

Ser. Designa aquela perfeição, pela qual alguma coisa é um ente.

Síntese. Significa etimologicamente “composição”. Em linguagem filosófica, síntese designa a união de vários conteúdos cognoscitivos num produto global de conhecimento, união que constitui uma das mais importantes funções da consciência.

Sistema. É a multiplicidade de conhecimentos articulados segundo uma idéia de totalidade.

Socialismo. Nome genérico das doutrinas que pretendem substituir o capitalismo por um sistema planificado que conduza a resultados mais equitativos e mais favoráveis ao pleno desenvolvimento do ser humano.

Sociologia. Do grego societas, sociedade, elogos, estudo, ciência. É a ciência que estuda as estruturas sociais e as leis de seu desenvolvimento. Implica na análise do “fato social”.

Sócrates. Significa força (krátos) que salva (sôs).

Sofisma. É um raciocínio falso que se apresenta com aparência de verdadeiro.

Substância. Etimologicamente, é “que está debaixo” ou o que permanece debaixo das aparências ou dos fenômenos. Substância é o que tem seu ser, não em outro, mas em si ou por si. O contrário de acidente.

Sujeito.  Do latim subiectum, que está por debaixo. Etimologicamente, “o que foi posto debaixo”, “o que se encontra na base”. Ontologicamente, denota essencialmente uma relação a outra realidade que “descanse sobre ele”, que é “sustida” por ele.

T

Teleologia. Teoria dos fins. Doutrina segundo a qual o mundo é um sistema de relações entre meios e fins.

Tema. Emfrancês, sujet, “sujeito”. Indica que estamos em presença de um enunciado que determina para o pensamento uma situação – momentânea e provisória, certamente – de sujeição ao que se nos impõe quando fazemos um exercício.

Tempo. É meio da sucessão. É o período que vai de um acontecimento anterior a um acontecimento posterior.

Teologia. É a ciência que tem Deus por objeto.

Teomania. Designa a atitude que o ser humano adota de querer ser Deus, devido à inveja.

Teoria. O vocábulo “teoria” é usado, as mais das vezes em oposição a prática, significando neste caso, o conhecimento puro, a pura consideração contemplativa; ao passo que prática designa qualquer espécie de atividade fora do conhecimento, especialmente a atividade dirigida ao exterior.

Totalidade. Falamos de totalidade, quando muitas partes de tal modo estão ordenadas que, reunidas, formam uma unidade (o todo).

Transcendente. Em Kant, os princípios do entendimento puro além dos limites da experiência.

U

Universalismo. É a visão do todo, da grandeza e vastidão cósmica, da universalidade, oposta à limitação míope e mesquinha a valores parciais ou a interesses particulares.

Útil. Significa tudo aquilo que tem um fim noutro e não em si mesmo.

Utopia. Do grego U-topos, “nenhum lugar”. Que não existe em nenhum lugar; descrição de uma sociedade ideal; refere-se a um ideal de vida proposto. No sentido pejorativo, refere-se a um ideal irrealizável.

V

Verdade. Na acepção mais geral designa uma igualdade ou conformidade entre a inteligência (conhecimento intelectual) e o ser (adaequatio intellectus et rei), e, em sentido mais elevado, uma completa interpenetração de inteligência e ser.

Vício. É o pendor para agir de forma inadequada. É o oposto da virtude.

Vida. É o conjunto dos fenômenos de toda a espécie (particularmente de nutrição e de reprodução), que, para os seres que têm um grau elevado de organização, se estende do nascimento  (ou produção do germe) até a morte.

Virtude.  Equivale a capacidade, aptidão, e significa a habilidade, facilidade e disposição para levar a efeito determinadas ações adequadas ao homem.

Virtudes Cardeais. São assim denominadas (do latim cardo = gonzo), porque toda a vida moral gira em torno delas, como a porta em torno dos gonzos (dobradiças). São: prudência, fortaleza, temperança e justiça.

Vivência. É todo fato de consciência, na medida em que seu sujeito se apreende a si mesmo (de modo reflexo ou não reflexo) como encontrando-se numa determinada situação psíquica.

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