Arcadismo é uma escola literária que se originou no século 18 na Europa, mais especificamente entre 1756 e 1825, também chamada Neoclassicismo. O nome “Arcadismo” refere-se a Arcadia, uma região do Peloponeso na Grécia antiga, como um ideal de inspiração poética. O personagem principal desta escola é o aprimoramento da natureza e tudo o que lhe diz respeito. Por essa razão, muitos poetas arcadianos adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos. Também é caracterizado pelo uso de esquemas rítmicos mais graciosos. No sentido mais amplo, uma crítica da burguesia contra os nobres e clero do Antigo Regime. O conceito de culto burguês do homem desapareceu de Jean-Jacques Rousseau na figura do “bom selvagem”.
O século XVIII, também chamado de “Século das Luzes“, tratou-se um período de mudança significativa na cultura europeia. Na Inglaterra e na França, forma-se uma burguesia que domina economicamente o Estado através de um intenso comércio exterior e da multiplicação de instituições bancárias, que possuem até mesmo uma parte da atividade agrícola. Ao mesmo tempo, a velha nobreza está arruinada e o clero, com suas polêmicas intermináveis, desacredita a teologia. Em toda a Europa, a influência do pensamento sobre a iluminação burguesa é generalizada.
Este período de renovação cultural é geralmente caracterizado pela reavaliação da ciência e do espírito racionalista. O método experimental é desenvolvido; O exame crítico dos valores sociais e religiosos é exacerbado e discutido de forma controversa. Há grande fé na capacidade do homem de promover o progresso social (a crença de que o bem-estar coletivo só pode vir da razão), e a tendência de liberar o universo cultural da influência da religião está se tornando cada vez mais clara.
Na França, em 1751, os volumes da enciclopédia foram publicados, nos quais pensadores como Voltaire, Diderot, D’Alembert, Montesquieu e Rousseau foram reunidos e que podem ser considerados um símbolo da nova atitude intelectual. A segunda metade do século é marcada pela revolução industrial na Grã-Bretanha, pela crescente urbanização em geral e pela independência dos Estados Unidos (1776). Isso, por sua vez, estimulará movimentos de revolta em muitas colônias latino-americanas, como a Inconfidência Mineira no Brasil.
Na Itália, essa influência assumiu um caráter especial. Conhecido como Arcadismo, foi inspirado na lendária região da Grécia Antiga. Segundo a lenda, Arcádia era governada pelo deus Pan e habitada por pastores que viviam simples e espontaneamente, cantando, executando discussões poéticas e celebrando o amor e o prazer.
Quais são as Principais Características do Arcadismo?
O arcadismo é uma forma de literatura mais simples em contraste aos exageros e refúcios do barroco, expressos em latim. São tópicos simples que as pessoas têm em comum, como amor, morte, casamento, solidão. As situações mais comuns são um pastor abandonado por uma pessoa amada, triste e lúgubre. É a “aurea mediocritas” (“mediocridade dourada”) que simboliza a valorização das coisas cotidianas baseadas na razão.
Os autores retornam aos modelos clássicos da antiguidade greco-latina e da Renascença, razão pela qual o movimento é também chamado de neoclássico. Os autores acreditavam que a arte era uma cópia da natureza, refletida na tradição clássica. É por isso que os mitos pagãos ocorrem ao lado de frases latinas.
Inspirados na frase do escritor latino Horace “fugere urbem” (“fuga da cidade”) e repletos da “boa selvageria” de Jean-Jacques Rousseau, os escritores do Ártico recorrem à natureza em busca de uma vida simples. bucólico, pastoral, “locus amoenus”, um refúgio suave dos centros das cidades dominadas pelo antigo regime, o absolutismo monárquico.
Deve-se notar que essa busca apenas configura um estado de espírito, uma posição política e ideológica, já que esses autores viviam em centros urbanos e cívicos, os quais sempre tiveram seus interesses econômicos. Por esta razão, é justificável falar “poeticamente” no fato de arcadismo, que se manifesta no uso de pseudônimos pastorais.
Além disso, dada a transitoriedade da vida, defender o “carpe diem”, através do qual o pastor, a brevidade do tempo, convidar o seu pastor para aproveitar o momento presente.
O que, como usavam sonetos frequentemente com versos decassílabos, rimam opcional e tradição de poesia épica.
Outras características importantes são:
Apreciar a vida no campo (Bucci-cismismo)
Fugere urbem (critica a vida nos centros urbanos)
objetividade
Idealização da mulher amada
inutilia truncat (cortando o inútil)
locus amoenus (lugar agradável)
Convenção do amor
aurea mediocritas (uréia medíocre ou ouro medíocre)
linguagem simples
Uso de pseudônimos com frequência
pastoralismo
O Arcadismo em Portugal
O clima de renovação também teve um forte impacto em Portugal, que sofreu a última fase da sua reestruturação econômica, política e cultural no início do século XVIII.
Durante o reinado de D. João V de Portugal (1707-1750) há uma certa abertura intelectual e política no país, tais como a Congregação do Oratório de licença concedida ao ensino, que anteriormente tinha o privilégio da Companhia de Jesus.
Em 1746, Luis António Verney, inspirado nas ideias dos racionalistas franceses, publicou as cartas que compõem o seu “verdadeiro método de estudo”. Neste trabalho, critica o ensino tradicional e propõe reformas que procuram equiparar a cultura portuguesa à do resto da Europa.
No entanto, é tarefa do Marquês de Pombal, ministro de José I de Portugal (1750-1777), concretizar estas aspirações. O despotismo esclarecido de Pombal, que agiu com plena autonomia dos poderes, conduziu a uma verdadeira transformação nas direções da cultura portuguesa:
Em 1759, os jesuítas foram expulsos, o que enfraqueceu muito a influência religiosa na esfera cultural.
encorajou estudos científicos;
doutrina reformada e,
Apesar da manutenção de um sistema de censura, a supressão pelo Santo Ofício (a Inquisição) foi consideravelmente facilitada.
Em Portugal, o Arcadismo começou oficialmente em 1756 com a fundação da “Arcadia Lusitana”, onde intelectuais e artistas se reuniam para discutir arte.
O “Arcadia Lusitana” teve como lema a frase em latim “Inutilia truncat”, escrito por Antonio Dinis da Cruz e Silva no capítulo II do Estatuto do Arcadia [1], que vai caracterizar todo o movimento no país. Eles pretendiam eliminar os exageros, a busca e a extravagância defendidas pelo barroco e retornar a uma literatura simples. O capítulo III define o lema do lírio, que alude à Virgem Maria e é o protetor da instituição chamada “Concepção”. Neste primeiro momento, não havia nenhuma regra contra a religião, que na última década do século XVIII, com a Nova Arcádia (1790-1794) com a participação de Bocage e Nicolau Tolentino mudou entre outras coisas.
O Arcadismo no Brasil
O século XVIII é considerado o século de ouro no Brasil, graças à descoberta do ouro em Minas Gerais. A região Sudeste tornou-se o principal eixo econômico e político da colônia e teve nas cidades de Vila Rica (Atual Ouro Preto) e Rio de Janeiro.
Em contraste com a dinâmica existente no Nordeste, cuja economia era agrária, foi formada na região de Minas Gerais, especialmente em Vila Rica, uma sociedade urbana caracterizada por um grande número de profissionais cuja atividade girava em torno da indústria de mineração de ouro.
Vila Rica tornou-se um dos maiores centros urbanos da América, com grande desenvolvimento artístico e cultural. A proliferação de intelectuais e artistas de diferentes regiões, permitindo um maior movimento de ideias de esclarecimento, vindas do continente europeu, proporcionou um cenário de Vila Rica de vários levantes políticos e inovações estéticas.
O primeiro marco do Arcadismo foi criado aqui em 1768 com a fundação da “Arcadia Ultramarina” em Vila Rica e a publicação de “Poetic Works” de Cláudio Manuel da Costa. Embora não seja um grupo no sentido de salas de jogo europeias, é a primeira geração literária brasileira.
Esta colônia portuguesa veio a cumprir as ideias de esclarecimento dos sentimentos e desejos nativistas, com maior influência em Vila Rica, centro econômico mais importante da época, devido à mineração. A figura do “bom selvagem” de Rousseau chamará o nativismo na colônia. O principal evento político será a conspiração mineira, tentativa fracassada de libertar o governo colonial português da província de Minas Gerais. A politização do movimento foi retratada pelos poetas do Brasil que participam da Conjuração.
A chamada “Escola do século XVII” foi desenvolvida até 1808 com a chegada da família real no Rio de Janeiro, cujas medidas políticas e administrativas possibilitaram a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil.
As características do movimento no Brasil incluem a introdução de paisagens tropicais como Caramuru, o aprimoramento da história colonial, o início do nacionalismo e a luta pela independência e a posição da colônia como centro.